Advento

 “FAMÍLIA, ESPERANÇA E DOM!”

Cada semana está dividida em pequenas secções:

• Na escola do presépio: aprofundamos os desafios da Palavra de Deus, em especial a partir da família de Nazaré.
• Na vida de hoje: Fazemos uma releitura da Palavra de Deus, aplicada às famílias de hoje.
• Na Bíblia… para rezar: apresentamos as referências bíblicas da liturgia dominical e dos dias festivos, salientando uma citação, terminando com uma oração.
• Na construção do presépio: sugerimos que progressivamente, durante este tempo, se vá construindo o  presépio. Não o tradicional, mas expresso em símbolos, que traduzem a reflexão das secções anteriores.

Em alguns dos dias festivos apresentamos apenas a secção “Na Bíblia… para rezar”.

No final, apresentamos algumas referências bibliográficas que nos apoiaram na elaboração desta proposta. Gostaríamos que este fosse um tempo forte não só em grupo, mas sobretudo em família. A sugestão é que o conteúdo deste subsídio possa ser conversado e rezado em família. Que se coloquem dúvidas, que se aprofundem conteúdos, que se faça crescer o diálogo  familiar, que se reze em conjunto. As mesmas sugestões podem e devem ser aprofundadas também pelos grupos em  catequese e na construção do presépio nas igrejas locais.

1ª Semana 

Na escola do presépio…

A Família de Nazaré baseia-se e funda-se na rocha firme do amor. É aí que começa o presépio, depois, claro está, da amorosa iniciativa de Deus, de escolher José e Maria, para serem a família terrena de Jesus. Maria e José, porque vigilantes e atentos um ao outro e à voz de Deus, contribuem de forma especialíssima para a concretização da História da Salvação.

A  Palavra  de  Deus  é  desafio  constante  à  vigilância.  “Vigiai”  é  imperativo  que  nos  inquieta  e  nos compromete. Num primeiro momento podemos ver esta vigilância, que nos fala o Evangelho de Marcos, como preparação para o nascimento. Em sentido mais lato, esta vigilância diz respeito a toda a vida cristã: é virtude por excelência da vida do cristão.

Na vida de hoje…

Vigiai, vigiai, vigiai! Maria e José apresentam-se-nos como exemplo perfeito para a família dos nossos dias, uma família em constante vigilância, confiante em Deus e fazendo do Amor o alicerce das suas vidas. A total entrega do casal, um ao outro,  e o seu comprometimento com Deus, fazem com que aconteça o presépio doméstico. O presépio, esse, não é nada mais do que, um marido e uma esposa que se respeitam, que se ajudam, que rezam em família, que sabem perdoar e em quem os filhos podem “beber” o Amor e dar testemunho dele. O Amor é a Base da Família!

Deus vai mais longe e alerta-nos que apenas com bases sólidas, valores e testemunho nos sítios onde

estamos, estudamos, trabalhamos e nos divertimos, podemos dar um passo em frente e avançar, porque afinal se estivermos alerta, Deus pode sussurrar a qualquer instante… A nossa missão é estarmos atentos para O reconhecer quando Ele nos bater à porta. Precisamos de estar alerta aos sinais do amor, no seio da nossa família, para sermos verdadeira “igreja doméstica”.

Na Bíblia… para rezar…

Is 63, 16-19; 64, 2-7 | 1 Cor 1, 3-9 | Mc 13, 33-37

Estai alerta; Vigiai. Não sabeis a hora nem o momento…

«Vigiai, portanto,

visto que não sabeis quando virá o dono da casa:

se à tarde, se à meia-noite,

se ao cantar do galo, se de manhãzinha;

não se dê o caso que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir.»

Senhor, pedes-nos que vigiemos, que estejamos alerta e que demos testemunho de Amor; e, no entanto, quantos de nós estamos cegos e surdos, adormecidos e quietos.

Que o Advento que agora iniciamos, nos leve a um compromisso que seja pequeno, possível e para fazer aos poucos: Ouvir a Tua voz! Queremos ouvir a Tua voz!

Que o nosso lar esteja rodeado de Amor para melhor acolhermos o Salvador que nasce!

Na construção do presépio…

Colocamos no nosso presépio a CASA ou a CABANA, porque é a base do presépio, tal como o Amor é a base da família que vigia.

2ª Semana 

Na escola do presépio…

João Batista é o “Precursor”, ou seja, é aquele que prepara a vinda do Messias. O próprio Jesus, mais tarde o elogiará dizendo que “entre os nascidos de mulher, não apareceu ninguém maior que João Batista” (Mt

11, 11). A sua missão é aplanar e preparar o caminho do Senhor. Podemos vê-lo como o “apresentador” do Messias. João ensina-nos, por meio do seu batismo de penitência, que nos devemos purificar, a fim de nos convertermos, ou seja, de voltarmos, de novo, o nosso coração para Deus.

Na vida de hoje…

Preparar o caminho do Senhor, segundo o desafio da Palavra de Deus, no Evangelho de Marcos, exige de nós uma mudança interior, que nos leve a aceitar Deus como nosso Mestre, Pastor e Guia. A vertigem e a corrida da vida diária podem  afastar-nos do desejo de mudança e de conversão. Podem levar-nos até a desacreditar na esperança desta luz nova e  refulgente que está para chegar. Ter fé e acreditar está ao alcance de todos nós, como seres individuais e como família. A  família é suporte e apoio da felicidade humana, porque nos transforma e nos ajuda nesta caminhada de preparação para receber o Salvador. Para isto, também como família, precisamos de fazer um esforço de purificação e de conversão, abrindo  as portas e janelas do coração.

Na Bíblia… para rezar…

Is 40, 1-11 | 2 Pd 3, 8-14 | Mc 1, 1-8

No deserto, João pregava o arrependimento e a conversão.

«Apareceu João Batista no deserto,

a proclamar um batismo de penitência para remissão dos pecados.»

Senhor, exiges de nós um esforço de purificação, de memória e de coração. Queres que mergulhemos no

íntimo do nosso “eu”, para que nos encontremos e Te encontremos a Ti.

Estamos prontos para fazer essa viagem ao interior do nosso coração. Prontos a abrir portas e janelas, a deixar entrar a Tua voz desafiante.

Queremos preparar a vinda do Messias, do Teu Filho Único. Queremos que Ele venha a nós para que nós possamos ir a Ele!

Queremos mergulhar na fonte do nosso Batismo e reatualizarmos, a cada dia, a nossa conversão.

Na construção do presépio…

Colocamos no nosso presépio a ÁGUA, porque é o sinal que aponta o nosso Batismo e nos recorda a necessidade de purificação e de conversão permanente.

Imaculada Conceição (8 Dezembro)

Na Bíblia… para rezar…

Gn 3, 9-20 | Ef 1,3-12 | Lc 1, 26-38

“Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo”

Ó Maria, Senhora do Advento, Senhora do Sim, Mãe de Deus e nossa Mãe:

Como tu, queremos deixar-nos encantar pelo rosto de Jesus e pela novidade revigorante de Deus. Queremos acolher o chamamento de Deus, apesar dos nossos medos e receios, das fragilidades e do nosso pecado.

Ajuda-nos a dizer, mesmo assim: Eis-nos aqui! Somos vossos. Fazei-nos instrumentos da vossa graça e isso nos basta!

Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!

Na construção do presépio…

Colocamos no nosso presépio a BÍBLIA, posicionada como manjedoura, porque Jesus é a Palavra, o Verbo de Deus.

3ª Semana 

Na escola do presépio…

José é o “justo” escolhido por Deus para ser esposo de Maria e pai adotivo de Jesus. O Evangelho não o tem muito em  consideração, dada a ausência de palavras dele mesmo. Mesmo assim, o seu papel na história da Salvação é fundamental  e  o seu contributo é imprescindível. José, que em hebraico significa “aquele que acrescenta”, acrescenta a sua fé e acrescenta-se como esposo e como pai. O seu silêncio é oração de confiança, mas é também trabalho, dedicação, esforço e perseverança. É isto que aprendemos do “carpinteiro”, “esposo de Maria”.

Na vida de hoje…

Numa sociedade sempre insatisfeita, que tem por base méritos e estatutos, é difícil não nos sentirmos frustrados por não  alcançarmos a perfeição diariamente ou por não sermos reconhecidos pelas nossas qualidades  e  obras.  Se  olharmos  para   José,  aprendemos  com  ele  a  esforçarmo-nos  com  alegria, independentemente do reconhecimento que nos possa ser atribuído e dos agradecimentos que possamos esperar. Quem faz bem e se enaltece por isso é chamado à razão e quem faz bem em descrição é levado em braços passado algum tempo.

Como família cristã, em tempos de crises variadas, precisamos de reaprender o valor do trabalho, do esforço, da dedicação, do serviço e até do suor!

Na Bíblia… para rezar…

Is 61, 1-11 | 1 Ts 5, 16-24 | Jo 1, 6-8.19-28

Deus está no meio de vós e não dais conta.

«Aquele que vem depois de mim,

a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias».

Queremos  ser  testemunhas  da  Palavra  escutada  e  pedimos-Te  perdão  pelos  dias  em  que  não  nos enchemos de alegria.

Aceita, Senhor, o nosso esforço e trabalho de todos os dias e, na grandeza da Tua bondade, ensina -nos a não  esperarmos   recompensa  nesta  vida,  mas  dá-nos  alento  para  perseverarmos,  como  José,  nas dificuldades, com alegria.

O bem que fazemos é por Ti e o obrigado que recebemos é para Ti!

Na construção do presépio…

Colocamos no nosso presépio o SERROTE, simbolizando o nosso esforço e perseverança, o nosso trabalho e dedicação.

4ª Semana 

Na escola do presépio…

Maria, a serva do Senhor, escutou o anúncio da missão para a qual Deus a tinha escolhido. Ao princípio perturbou-se com  as palavras que escutou, mas logo soube que não precisava de recear, porque Deus preenchera o seu coração simples e a sua fraqueza com a Sua graça. A Deus nada é impossível. E Maria, consciente da Sua grandeza, deu o seu “SIM”, colocou toda a sua vida diante de Deus e disse: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a Tua palavra.”

Na vida de hoje…

Maria é um exemplo perfeito para a nossa vida. Tal como ela, também nós temos que estar atentos à missão que Deus tem para nos dar. Precisamos de O escutar e de nos inquietarmos com o que nos chama a fazer. E isto acontece porque reconhecemos as nossas fraquezas e fragilidades.

Se olharmos para Maria sabemos que nos basta confiar no Senhor, porque Ele “está connosco até ao fim dos tempos”. Deus enche-nos de graça, força e persistência. Maria é cheia de graça, porque é cheia de Deus. Assim, se colocou ao serviço e se fez Mãe e Discípula.

Como família cristã, precisamos de sentir que somos chamados a tomar parte na vida e na missão da

Igreja. Precisamos de abrir o nosso coração ao amor de Deus para dizermos o nosso “SIM”, íntegro e decidido.

Na Bíblia… para rezar…

2 Sm 7, 1-16 | Rom 16, 25-27 | Lc 1, 26-38

Preciso de ti!

«A Deus nada é impossível». Maria disse então:

«Eis a escrava do Senhor;

faça-se em mim segundo a tua palavra».

Senhor, precisas de mim, como precisaste de Maria. Sabes os meus dons, as minhas forças e fraquezas. Também sabias as dela e, mesmo assim, olhaste-a como cheia de graça, porque cheia de Ti. Mas eu hesito, distraio-me, ando atarefado,  apressado  e atolado em mil e uma coisas. Maria acolhe-Te, sem reservas, toda inteira se entrega a Ti: um Sim generoso e fiel.

Preciso desta coragem, para me entregar e doar por amor.

Vem nascer no meu coração. Transforma-o à Tua e à sua imagem.

Na construção do presépio…

Colocamos  no  nosso  presépio  uma  FLOR  BRANCA  como  sinal  da  simplicidade,  delicadeza,  aceitação, determinação e confiança que aprendemos de Maria.

Natal (25 Dezembro)

Na escola do presépio…

Jesus nasceu na cidade de Belém, na humildade de um estábulo, no seio de uma família pobre.

O nome Jesus vem do hebraico “Yeshua”, que significa “Deus salva”. Jesus Cristo é a Palavra do Pai feita Pessoa, Filho de  Deus por natureza e não por adoção, é, em simultâneo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Nasce para salvar. Apenas e só. Para nos salvar. Por amor e para amar!

Na vida de hoje…

Os nascimentos, a vida que se faz existência, são motores de realização e felicidade. A Família de Nazaré, apesar das dificuldades, saboreou a alegria da vida nascente.

Como famílias cristãs, sabemos que também existimos para a geração de novas vidas. Somos cocriadores com Deus, temos  o  poder de criar. Neste tempo em que vivemos, em que por diversificados fatores, a natalidade anda “nas ruas da amargura”, precisamos de reforçar a consciência e a certeza de que a família é uma realidade sempre aberta à vida.

Na Bíblia… para rezar…

Is 52,7-10 | Heb 1,1-6 | Jo 1, 1-18

Veio até aos seus e os seus não O receberam.

«E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós. Nós vimos a sua glória,

glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigénito, cheio de graça e de verdade.»

Menino Jesus,

Tu vieste viver aqui, connosco; Tu gostas muito de nós.

Tu estás aqui, muito perto de nós,

Com os teus pais, com Maria e com José. Eu também gosto de Ti,

E quero amar-Te mais,

E quero aprender a ser como Tu. Ámen.

Na construção do presépio…

Colocamos no nosso presépio o MENINO JESUS, em cima da bíblia aberta, porque a Palavra fez-Se carne.

Sagrada Família 

Na Bíblia… para rezar…

Ecl 3, 2-14 | Col 3, 12-21 | Lc 2, 22-40

O Menino crescia em graça e sabedoria. Deus estava com Ele.

«O pai e a mãe do Menino Jesus estavam admirados com o que d’Ele se dizia.

Simeão abençoou-os (…) e o menino crescia e robustecia-se, enchendo-se de sabedoria, e a graça de Deus estava com Ele.»

Feliz de ti, que temes o Senhor e andas nos seus caminhos.

Comerás do trabalho das tuas mãos, serás feliz e tudo te correrá bem.

Tua esposa será como videira fecunda no íntimo do teu lar;

teus filhos serão como ramos de oliveira ao redor da tua mesa.

Assim será abençoado o homem que teme o Senhor.

De Sião te abençoe o Senhor:

vejas a prosperidade de Jerusalém todos os dias da tua vida

e possas ver os filhos dos teus filhos. Paz a Israel!

Santa Maria Mãe de Deus (1 Janeiro)

Na escola do presépio…

O evangelista Lucas relata-nos que, depois do Anjo do Senhor anunciar aos pastores que Jesus ia nascer, estes «foram apressadamente e encontraram Maria, José e o menino deitado na manjedoura. Depois de O terem visto, começaram a divulgar o que lhes tinham dito a respeito daquele menino.» (Lc 2, 16-17)

Os pastores são homens do campo, simbolizam a simplicidade e garantem que Deus acolhe a todos, sem se importar com a sua  condição social. Para todos Deus tem uma missão, por muito simples que sejam os instrumentos, como é o caso dos humildes pastores.

Na vida de hoje…

A humildade dos pastores permitiu-lhes compreender os mistérios de Deus feito Homem. É com esta humildade que  somos desafiados, hoje,  como família,  a colocarmo-nos  ao  serviço uns dos outros.  A exemplo dos pastores e de Santa  Maria, como família  cristã, saibamos adorar o Deus Menino e dar testemunho Dele com a nossa vida.

Ano novo, vida nova. É sempre hora de recomeçar e estamos sempre a tempo!

Na Bíblia… para rezar…

Nm 6, 22-27 | Gal 4, 4-7 | Luc 2, 16-21

Maria guardava tudo no seu coração!

Os pastores vieram, correndo.

Correndo, gastamos nós a vida para conseguir o que ansiávamos. Se chegássemos a Ti correndo

Com certeza nos mostravas que Tu és a calma e a paz. O estábulo é o lugar da primeira mensagem

É a marca do Teu estilo: És simples e pequeno.

Nós que pensamos que somos o que temos

Temos de aprender Contigo

que viver é ser pobre e necessitar o menos possível. Faz-nos humildes e simples como os pastores.

Como Tua Mãe, faz-nos guardar tudo no nosso coração. Santa Maria Mãe de Deus, olha por nós!

Na construção do presépio…

Colocamos no nosso presépio a TERRA, porque é sinal da humildade que aprendemos com os pastores.

Epifania do Senhor 

Na escola do presépio…

Os Magos, que Mateus apresenta no seu evangelho, podem ser astrólogos babilónicos, desde há muito, interessados no estudo da vinda do Messias. O título de reis, o número de três e os seus nomes próprios são provenientes de uma tradição extraevangélica.

A adoração que fazem no presépio, oferecendo ouro, incenso e mirra, simboliza o mundo pagão que reconhece naquele Menino o Messias prometido. Os Magos “fazem-se ao caminho”, ao passo que Herodes nem se levanta da cadeira do poder. Procuram a verdade muito mais os que estão longe dela, do que os que estão perto. Os Magos procuram a verdade, Herodes procura maneira de a matar.

Na vida de hoje…

Vivemos numa época e num tempo em que a velocidade das coisas e as mudanças que assistimos nos prendem.  Corremos  o  risco  de  nos  perdermos  no  meio  das  imagens,  dos  sons…  Já  não  estamos predispostos à simplicidade dos sinais e dos símbolos.

Estamos também num tempo em que permanecemos demasiadamente quietos, parados, sentados, fixos, em frente ao computador e à televisão. Precisamos de abrir as portas, de fazer êxodo familiar. Precisamos de ser mais nómadas!

Como família cristã, estamos apostados em fazer caminho, na busca e na descoberta da novidade e de sentido. Precisamos  de nos recriar, como família, para combater a rotina e a monotonia dos dias que passam.

Como o poeta sabemos que “o caminho faz-se ao andar”. Então: andemos!